Região Centro-Oeste, 26 de abril de 2025

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Arroz está se tornando mais tóxico com mudanças climáticas, aponta novo estudo

Concentração de arsênio, metal pesado presente no solo e na água, aumenta com níveis mais altos de CO2 e temperaturas mais elevadas
Panela de arroz, um dos alimentos mais consumidos do planeta — Foto: Getty Images

Uma pesquisa publicada na quarta-feira (16) na revista científica The Lancet Planetary Health mostrou que o arroz se tornará cada vez mais tóxico com o agravamento do aquecimento global. Isso porque forma como o arroz é cultivado — principalmente submerso em arrozais — e sua textura altamente porosa fazem com que ele absorva níveis anormalmente altos de arsênio, uma potente toxina cancerígena encontrada naturalmente em alguns alimentos, incluindo peixes e mariscos, e também no solos e na água.

Neste novo estudo, Lewis Ziska, que é fisiologista vegetal e professor associado da Universidade de Columbia, em Nova York, se uniu a outros pesquisadores dos EUA e da China para observar como diversas espécies de arroz reagiram a aumentos de temperatura e dióxido de carbono.

Devido a processos biogeoquímicos complexos no solo, quando as temperaturas e o CO2 aumentam, aumenta também a concentração de arsênio inorgânico. “Sabíamos que a temperatura por si só poderia aumentar os níveis, e o dióxido de carbono, um pouco. Mas quando juntamos os dois, nossa, foi realmente algo que não esperávamos. Estamos diante de um alimento básico consumido por um bilhão de pessoas todos os dias, e qualquer efeito sobre a toxicidade terá um impacto bastante grande”, disse Ziska.

Plantação de arroz em terraços utilizando sistema Subak em Bali, na Indonésia — Foto: Getty Images

A exposição ao arsênio inorgânico tem sido associada a cânceres de pele, bexiga e pulmão, doenças cardíacas e problemas neurológicos em bebês. Pesquisas anteriores já constataram que, em regiões do mundo com alto consumo de arroz, o arsênio inorgânico aumenta o risco de câncer.

Além de regulações mais rígidas por parte dos governos, os pesquisadores também apontam para o potencial para o desenvolvimento de variedades de arroz menos absorventes e a educação dos consumidores sobre alternativas ao arroz como algumas das intervenções que poderiam limitar a exposição ao arsênio.

Consumido diariamente por bilhões de pessoas e cultivado em todo o mundo, o arroz é indiscutivelmente o alimento básico mais importante do planeta, com metade da população mundial dependendo dele para a maioria de suas necessidades alimentares, especialmente nos países em desenvolvimento.

Fonte: Um Só Planeta

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