O Brasil foi destacado como o país com maior capacidade de expansão na produção de carne bovina durante a Fecorte 2024, evento que reuniu especialistas e produtores para debater o futuro da pecuária global. Pedro Veiga, gerente global de tecnologia de bovinos de corte da Cargill, trouxe à tona dados que reforçam a posição do Brasil como uma potência agropecuária e um modelo de produção sustentável.
Brasil: Potência Pecuária Sustentável
Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Apesar disso, o país possui 170 milhões de hectares de pastagens que podem ser manejadas de forma sustentável para aumentar a produtividade sem necessidade de novos desmatamentos.
“O Brasil é único: possui clima, solo e recursos hídricos ideais. Nosso sistema permite crescer sem comprometer o meio ambiente”, afirmou Veiga, em entrevista ao Canal do Boi. Ele destacou que o manejo adequado das pastagens não só eleva a produtividade, mas também contribui para a captura de carbono, posicionando o Brasil como uma referência global em sustentabilidade.
Desafios e Oportunidades no Cenário Global
Pedro Veiga comparou o Brasil a outros países líderes na pecuária:
- EUA: Produzem 20% a mais de carne que o Brasil, apesar de um rebanho significativamente menor, devido à alta eficiência tecnológica.
- China: Hoje ocupa o terceiro lugar na produção de carne bovina, refletindo uma expansão acelerada.
Mesmo com os avanços globais, o Brasil se destaca pela integração da agricultura com a pecuária, uma prática que melhora a sustentabilidade e a viabilidade econômica das propriedades rurais. Além disso, o país enfrenta desafios políticos e comerciais, como as discussões em torno do Acordo Mercosul-União Europeia, que frequentemente é influenciado por pressões ambientais e econômicas.
Tecnologias e Estratégias Sustentáveis
O gerente global também destacou o papel das novas tecnologias no avanço da pecuária:
- Confinamento estratégico: Usado principalmente em períodos de seca, esse sistema permite maior controle da nutrição e dos ganhos de peso dos animais.
- Beef-on-Dairy: Tendência crescente, especialmente nos EUA, onde vacas leiteiras são cruzadas com raças de corte para suprir a demanda de carne bovina.
Além disso, parcerias com instituições como a Embrapa têm viabilizado inovações para a redução de emissões de gases de efeito estufa. A recente instalação de câmaras respiratórias climatizadas em Juiz de Fora (MG) é um exemplo claro de como a ciência está ajudando a tornar a produção mais eficiente e sustentável.
Sustentabilidade como Pilar Estratégico
Veiga enfatizou a importância dos três pilares da sustentabilidade:
- Econômico: Produção viável financeiramente.
- Social: Valorização das pessoas envolvidas na cadeia produtiva.
- Ambiental: Redução do impacto climático por meio de práticas sustentáveis.
Uma das grandes apostas do Brasil é o mercado de créditos de carbono. O uso integrado de sistemas agrícolas e pecuários contribui positivamente para o balanço de carbono, transformando a sustentabilidade em uma vantagem competitiva global.
Produção de carne bovina
Dessa forma, com recursos naturais abundantes e práticas inovadoras, o Brasil está preparado para consolidar sua posição de liderança no mercado global de carne bovina. Pedro Veiga, com sua visão estratégica, reforçou que o país pode crescer de forma sustentável, conciliando produtividade, inovação tecnológica e responsabilidade ambiental.
Essa trajetória, segundo ele, depende de esforços conjuntos entre produtores, indústrias e políticas públicas que incentivem práticas que respeitem o meio ambiente e melhorem a competitividade do Brasil no cenário internacional.
Com um olhar atento ao futuro, o Brasil está não apenas produzindo carne, mas também criando um modelo de pecuária que alia eficiência e sustentabilidade, colocando o país na vanguarda da produção global.