A Tristeza Parasitária Bovina (TPB), um dos principais desafios sanitários da pecuária brasileira, foi tema central de um curso promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), durante a Semana de Integração Tecnológica (SIT), realizada no Campo Experimental Santa Rita, em Prudente de Morais.
O que é a Tristeza Parasitária Bovina
A TPB é um complexo de doenças causadas pelos protozoários Babesia bovis, Babesia bigemina e pela bactéria Anaplasma marginale. Carrapatos da espécie Rhipicephalus microplus e insetos hematófagos, como moscas e pernilongos, transmitem principalmente esses agentes. Esses agentes podem atuar de forma isolada ou conjunta, afetando bovinos de corte e leite em todo o país. E causando prejuízos econômicos relevantes, como queda na produção de leite, redução do ganho de peso, anemia, imunossupressão e até mortalidade.

“A TPB é um complexo de enfermidades muito prevalente, que ocorre com muita frequência em todo o Brasil, especialmente aqui em Minas Gerais. Causa anemia, imunossupressão, falta de apetite e redução de índices produtivos, como ganho de peso, produção de leite e eficiência reprodutiva na pecuária bovina de corte e de leite”, destaca o pesquisador da Epamig, Daniel Sobreira.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da TPB incluem apatia, perda de apetite, anemia, icterícia, emagrecimento rápido, queda na produção e, em casos graves, morte. A equipe pode realizar o diagnóstico ao observar clinicamente o paciente e visualizar os parasitos dentro das hemácias em lâminas de esfregaço sanguíneo, utilizando a técnica demonstrada durante o curso.
“O objetivo foi trazer uma especialista para falar um pouco sobre biologia, epidemiologia, tratamento, diagnóstico e controle. E, demonstrarmos na prática a coleta de sangue para a confecção do esfregaço sanguíneo. Essa é uma técnica de diagnóstico importante para monitorar o grau de anemia dos animais”, explicou Daniel Sobreira.
Além de aprenderem as técnicas para a coleta de sangue na jugular e nas pontas das orelhas e rabo, os participantes do curso puderam observar ao microscópio amostras de hemácias parasitadas com os agentes Anaplasma e Babesia.
Estratégias de controle e prevenção
O controle da TPB envolve múltiplas estratégias, com destaque para:
- Controle integrado do carrapato: Uso de acaricidas, controle biológico e manejo estratégico para reduzir a infestação ao longo do ano.
- Fornecimento correto de colostro: A ingestão do colostro nas primeiras 24 horas de vida é fundamental para o desenvolvimento da imunidade passiva nos bezerros. Tornando-os mais resistentes à doença.
- Exposição controlada: a professora da UFMG, Camila de Valgas e Bastos, chamou a atenção para o fato de que o objetivo do trabalho não é eliminar os agentes e transmissores. Mas sim promover uma exposição controlada dos animais, especialmente bezerros, aos parasitos para que eles desenvolvam anticorpos que os tornem mais resistentes. “O bezerro é mais resistente que o gado já formado. Por isso, é interessante que já nos primeiros dias ele seja exposto a uma pequena quantidade de carrapatos para que haja imunização pelos anticorpos do colostro”, explica.
- Quimioprofilaxia e tratamento: medicamentos como imidocarb e oxitetraciclinas são utilizados para tratar e prevenir a manifestação clínica da doença. A administração de doses reduzidas pode permitir que o animal desenvolva imunidade sem apresentar sintomas graves.
Impacto econômico
De acordo com a Embrapa, a TPB é responsável por perdas anuais significativas. E com destaque para o Rio Grande do Sul, onde estima-se a morte de cerca de 100 mil bovinos por ano devido à doença. O controle eficaz depende do diagnóstico precoce, identificação do agente causador e adoção de medidas integradas de manejo e prevenção.
O fortalecimento das estratégias de controle da Tristeza Parasitária Bovina é fundamental para a sustentabilidade da pecuária brasileira. A capacitação técnica de profissionais e produtores, aliada ao monitoramento contínuo dos rebanhos, é a principal ferramenta para minimizar perdas e garantir produtividade e bem-estar animal.
Fonte: Agro em Campo