Região Centro-Oeste, 1 de junho de 2025

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Governo autoriza prorrogação de dívidas rurais com recursos subsidiados

Resolução autoriza instituições financeiras a prorrogarem os vencimentos de parcelas de crédito rural com equalização do Tesouro Nacional de produtores afetados por questões climáticas em 2025
Alongamento das dívidas poderá ser de até três anos no caso das operações de custeio — Foto: Mauricio Tonetto / SecomRS

O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou nesta quinta-feira (29/5), em reunião extraordinária, a resolução que autoriza as instituições financeiras a prorrogarem os vencimentos de parcelas de crédito rural com equalização do Tesouro Nacional de produtores afetados por questões climáticas em 2025. O alongamento poderá ser de até três anos no caso das operações de custeio. Já as prestações de investimentos poderão ser jogadas para um ano após o fim do contrato.

A medida atende principalmente um pleito dos produtores do Rio Grande do Sul, mas poderá ser usada em todo o país. O governo identificou pedidos de prorrogação do Mato Grosso do Sul, Bahia e Sergipe, locais que também enfrentaram estiagens recentemente.

A estimativa do Ministério da Agricultura é que as dívidas rurais de produtores gaúchos com vencimento neste ano são de R$ 28 bilhões. O potencial a ser prorrogado, avaliado pelo setor, é de R$ 9 bilhões, referente às operações com equalização.

A resolução autoriza a prorrogação das parcelas de custeio dos financiamentos com equalização e vencimento em 2025 de médios e grandes produtores até o limite de 8% das carteiras das instituições financeiras. Essa medida já é permitida para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O CMN, no entanto, permitiu que os valores de prestações de pequenos produtores não indenizados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) também sejam renegociados.

A regra atual já permitia a renegociação de operações de custeio do Pronamp e dos demais produtores com recursos equalizados, mas obrigava a instituição financeira a reclassificar a operação para uma fonte de recursos não equalizadas, a exemplo dos recursos obrigatórios oriundos dos depósitos à vista. Como os eventos climáticos têm ocorrido com maior frequência, essas renegociações têm absorvido parte importante dos recursos dos depósitos à vista, disse o Ministério da Fazenda, em nota, o que dificulta a operacionalização pela escassez de recursos.

“Por isso, o CMN autorizou a prorrogação de até 8% da carteira de cada IF, mantendo a fonte de recursos equalizada”, completou.

No caso dos investimentos, as parcelas de 2025 de pequenos, médios e grandes poderão ser adiadas para o fim do contrato, respeitado também o percentual de 8% das carteiras dos bancos.

O Ministério da Fazenda disse que a medida “não representa uma prorrogação automática dos vencimentos das operações de crédito” e que cabe aos produtores rurais atingidos pela estiagem solicitarem a prorrogação junto às instituições financeiras, “comprovando a perda da produção e a sua incapacidade de pagamento nos prazos contratuais”.

A resolução também eleva o percentual autorizado para prorrogação para bancos que direcionaram mais de 90% do volume de recursos para operações no Rio Grande do Sul. A medida atende, especificamente, o Banrisul, que terá exceção para poder prorrogar além dos 8%. No caso dos custeios, a prorrogação será autorizada para até 17%. Nos investimentos, o índice de comprometimento da carteira vai variar entre 20%, para o Pronaf, e 23%, para médios e grandes.

Nesta quinta-feira (29/5), o Ministério do Planejamento e Orçamento publicou a portaria em que incorpora o crédito extraordinário de R$ 4,1 bilhões aberto em fevereiro para a equalização de juros do Plano Safra 2024/25 no orçamento da União e acrescenta mais R$ 255 milhões para essa finalidade.

Ao todo, foram remanejados R$ 4,4 bilhões para subvenção ao crédito rural. O montante inclui o recurso de R$ 136 milhões necessários para custear a prorrogação das dívidas de produtores do Rio Grande do Sul e demais Estados afetados pela seca neste ano autorizada pelo CMN. O custo total da medida é de R$ 358 milhões ao longo de alguns anos.

A Fazenda explicou que os custos para o Tesouro Nacional serão compensados com a redução dos limites de crédito equalizados para o Plano Safra 2024/2025 e não aplicados por algumas instituições financeiras. Desta forma, não vão gerar custos adicionais de equalização aos já previstos para a safra corrente.

“Essas medidas complementam as possibilidades de renegociação de dívidas efetuadas com recursos controlados já previstas no Manual de Crédito Rural, hoje permitida para operações de crédito de custeio e de investimento contratadas no âmbito do Pronaf, e apenas de investimento para o Pronamp e para os demais produtores rurais”, disse a Fazenda. “Essa regra tem contribuído para evitar que problemas locais ou regionais de incapacidade de pagamento de produtores rurais decorrentes de frustrações de safra ou de redução de receita ganhem escala e potencializem a inadimplência”, completou.

Fonte: Globo Rural

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