Região Centro-Oeste, 1 de julho de 2025

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Preço do boi gordo deve subir a partir do 2º semestre de 2025

Redução de 3,5% no rebanho brasileiro e aumento de 11% nas exportações de carne bovina criam cenário favorável para valorização da arroba no mercado nacional.

O mercado brasileiro de carne bovina deve registrar valorização da arroba a partir do segundo semestre de 2025, impulsionada pela redução na oferta de animais e pela forte demanda internacional. A análise foi divulgada nesta segunda-feira (30) pelo Rabobank, que aponta a queda no rebanho nacional e o aumento das exportações como fatores determinantes para essa tendência.

“No Brasil, já observamos uma queda de 3,5% no rebanho na comparação anual. Essa menor oferta será um dos principais fatores para a valorização da arroba bovina”, afirma Wagner Yanaguizawa, analista do Rabobank.

O primeiro trimestre de 2025 registrou abate de 9,87 milhões de cabeças de bovinos, conforme dados do IBGE. O volume representa aumento de 4,6% em relação ao mesmo período de 2024 e de 1,9% comparado ao trimestre anterior. Janeiro foi o mês com maior atividade, quando foram abatidas 3,35 milhões de cabeças, 4,8% acima do registrado no mesmo mês do ano passado.

Um dado relevante é o crescimento de 11,3% no abate de fêmeas em comparação ao mesmo período do ano anterior. “Esse movimento de alta no abate de fêmeas teve início em 2022, ano em que o preço do bezerro começou a cair, e isso acaba reduzindo a atratividade da cria. Um ponto que chama a atenção, também, é o abate de novilhas, que são fêmeas jovens. É um movimento que está associado a maior demanda por uma carne premium, de maior qualidade e por uma preferência internacional por animais mais jovens”, explica Angela Lordão, gerente da pesquisa do IBGE.

O aumento na oferta de carne bovina no primeiro trimestre está relacionado ao crescimento de 6,5% na produção de vacas. As categorias mais jovens apresentaram os maiores incrementos, com novilhas e novilhos elevando a oferta em 17% e 7%, respectivamente. A oferta de machos recuou 3%, compensando parcialmente esse movimento.

Dados do USDA indicam que o Brasil deve registrar crescimento de 0,4% na produção em 2025, passando de 11,85 milhões de toneladas de carcaça em 2024 para 11,9 milhões neste ano. A Argentina deve enfrentar queda de 3,1% na produção, totalizando 3,08 milhões de toneladas.

Exportações em alta

As exportações brasileiras de carne bovina apresentam desempenho expressivo em 2025. De janeiro a maio, os embarques totalizaram 1,2 milhão de toneladas, aumento de 11% em relação ao mesmo período de 2024. A receita alcançou US$ 5,8 bilhões, representando crescimento de 22%.

“O Brasil segue produzindo bastante carne, atendendo uma demanda interna e uma demanda externa bastante aquecida, com destaque para a China e para os Estados Unidos, que também aumentaram as compras de carne bovina brasileira. Estamos encaminhando muita carne para o mercado externo, o que tem favorecido a nossa produção interna”, reportou Lordão.

O Ministério da Agricultura projeta aumento de 51% nos embarques de carne bovina em 2025, podendo alcançar 3,86 milhões de toneladas. O USDA estima que o Brasil deverá exportar 3,75 milhões de toneladas em equivalente carcaça neste ano, 3,1% acima do volume de 2024.

A China mantém sua posição como principal destino da proteína brasileira, respondendo por 42% do volume total exportado no acumulado do ano, com aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2024. Os Estados Unidos aparecem como segundo maior comprador, com destaque para abril, quando as exportações atingiram volume recorde de aproximadamente 48 mil toneladas, resultando em salto acumulado de 151% em comparação ao ano anterior.

O Chile consolida-se como terceiro maior importador, com crescimento de 28% nas aquisições, que somaram 49 mil toneladas, representando 4% do total comercializado pelo Brasil. O Reino Unido deve aumentar suas importações de proteína bovina em 10,4% neste ano, enquanto o Egito projeta crescimento de 5,6%.

A Austrália também deve registrar avanço em suas exportações de carne bovina, com alta de 3,3%, passando de 1,89 milhão de toneladas em 2024 para 1,96 milhão neste ano, impulsionada pela demanda dos mercados asiáticos.

Consumo interno

O consumo interno de carne bovina no Brasil deverá apresentar retração de 0,7% em 2025, segundo projeções do USDA. As estimativas apontam que o volume consumido ficará em 8,21 milhões de toneladas em equivalente carcaça, contra 8,26 milhões de toneladas em 2024.

A China deve registrar avanço de 0,3% no consumo da proteína, passando de 11,515 milhões de toneladas em 2024 para 11,547 milhões em 2025. A União Europeia apresenta previsão de retração de 1,2% no consumo de carne bovina neste ano, totalizando 6,275 milhões de toneladas em equivalente carcaça.

O Rabobank alerta para a necessidade de monitorar a competitividade da carne bovina em relação às carnes de frango e suína, considerando a expectativa de preços mais elevados para a proteína bovina no segundo semestre.

Confinamento em expansão

O Censo de Confinamento da DSM-Firmenich aponta que a intenção de confinamento para 2025 é de 8,53 milhões de cabeças de gado, crescimento de 7,1% em comparação ao ano anterior, quando o país confinou 7,96 milhões de bovinos.

“Ainda não temos um número claro e consolidado, pois estamos em pleno primeiro giro de confinamento e daqui a pouco devemos começar o segundo giro de confinamento. Assim, ao final deste ano, vamos ter um levantamento efetivo sobre o total confinado”, explica Walter Patrizi, Gerente técnico de confinamento para a América Latina da DSM-Firmenich.

A prática do confinamento mostra tendência consistente de crescimento nos últimos anos. “Nós tivemos uma evolução histórica de 8% se comparado com o total confinado em 2017. Ou seja, esse crescimento está bem em linha com o avanço que estamos vendo nos últimos anos”, destacou Patrizi.

Mato Grosso lidera o ranking dos estados com maior volume de animais confinados, com 2,1 milhões de cabeças, aumento de 23,5% em relação a 2024. Em seguida aparecem São Paulo (1,34 milhão de cabeças, alta de 3,8%), Goiás (1,1 milhão, queda de 1,5%), Mato Grosso do Sul (957 mil, crescimento de 6,7%) e Minas Gerais (740 mil, redução de 7,2%).

A recente queda nos preços do milho, impulsionada pelo aumento da oferta do cereal, tem contribuído para melhorar as projeções de margem para os confinadores, mesmo diante da expectativa de menor disponibilidade de gado para engorda, segundo análises do Rabobank.

Thiago Bernardino, pesquisador do Cepea, observa que os preços do boi estão indicando forte valorização para o segundo semestre, enquanto o milho segue com preços pressionados. “E o preço do boi magro, por mais que esteja valorizando, está muito positivo em termos de relação de troca”, informou Bernardino.

Por: Divino Onaldo/Agro&Prosa

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