A escalada do conflito entre Irã e Israel provocou um aumento de 20% nos preços da ureia, um dos principais fertilizantes utilizados no agronegócio brasileiro, na última semana. Segundo dados da consultoria StoneX, o preço do CFR Brasil (contrato futuro de compra e venda de ureia) subiu US$ 16, atingindo US$ 501 por tonelada na sexta-feira, 20.
A análise de especialistas aponta que a entrada dos Estados Unidos no conflito — com ataques aéreos a três instalações nucleares do Irã, incluindo os centros de enriquecimento de urânio de Fordow e Natanz no sábado, 21 — aumenta ainda mais a incerteza no mercado de fertilizantes.
Em 12 de junho, o preço da ureia granulada no Brasil era de US$ 398 por tonelada, com o mercado de fertilizantes enfrentando baixa liquidez, ou seja, poucos negócios estavam sendo realizados, mostram dados da consultoria Argus. Isso ocorreu porque os compradores aguardavam os resultados de um leilão na Índia, um dos maiores consumidores de ureia.
No entanto, o aumento das tensões no Oriente Médio fez o foco dos investidores se desviar do leilão, e o preço da ureia saltou para US$ 430 por tonelada na sexta-feira, 13. Em 16 de junho, o preço médio atingiu US$ 435 por tonelada.
No entanto, o aumento das tensões no Oriente Médio fez o foco dos investidores se desviar do leilão, e o preço da ureia saltou para US$ 430 por tonelada na sexta-feira, 13. Em 16 de junho, o preço médio atingiu US$ 435 por tonelada.
Safra 2025/26
Segundo Tomás Pernías, especialista da consultoria StoneX, apesar de não haver danos diretos nas plantas de produção de fertilizantes no Irã e Israel, a guerra já reduziu significativamente a oferta de ureia no mercado global.
“O Egito, que depende do gás israelense para produzir fertilizantes, paralisou parte de sua produção, enquanto o Irã, grande produtor de ureia, diminuiu a oferta devido aos riscos do conflito”, afirma. De janeiro até a última quinta-feira, os preços da ureia já subiram 9%.
Em 2024, os preços da ureia subiram 11%. A escassez de oferta, agravada pela ausência de fornecimento da China (maior produtor global do fertilizante) e pela crescente demanda de países como Índia, torna o cenário ainda mais incerto.
Apesar da proximidade da safra 2025/26, que começa em 1º de julho, muitos produtores ainda não garantiram seus fertilizantes. Segundo Pernías, “os mais preparados compram até um ano antes, quando as condições de troca são favoráveis. Outros, no entanto, podem deixar a decisão para a última hora.”
“Estima-se que os custos de adubação já estejam acima dos níveis observados em 2024, o que aumenta o risco de pressão adicional sobre as margens dos agricultores”, diz.
A produção brasileira de milho, que depende da ureia para garantir a qualidade e o rendimento das lavouras, deve enfrentar custos mais elevados, o que pressionará ainda mais as margens dos produtores — que já estão sob pressão desde a safra 2022/2023.
“A maior parte do consumo e das entregas de fertilizantes ocorre no segundo semestre no Brasil. Portanto, podemos afirmar que haverá aumento no consumo nos próximos meses, especialmente com a chegada da safra”, finaliza.

Fonte: Exame