Registrado em 2020. Mais de 500 mil hectares já foram consumidos pelas chamas no Mato Grosso do Sul, Estado que concentra 65% do bioma. Segundo especialistas, além dos incêndios, a estação seca após chuvas abaixo da média no período úmido também coloca em xeque a disponibilidade de pastagens até a primavera, quando é esperado o retorno das chuvas. “Temos um longo caminho pela frente, com pelo menos mais três a quatro meses de estiagem, e tudo pode acontecer”, diz o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani. Ele sugere que os produtores ajustem a lotação dos animais nos próximos meses visando poupar a pouca pastagem que resta. “Se o pecuarista não tomar providência, vai chegar um momento em que ele vai ter que fazer descarte de animais”.
Foi o que aconteceu em 2020, quando a falta de pastagens levou a um aumento repentino na oferta de animais no Estado. Naquele ano, o valor da arroba bovina no oeste do Mato Grosso do Sul, onde encontra-se o Pantanal, caiu de R$ 305,35 em agosto a R$ 261,03 em outubro, segundo a Famasul. Incêndio no Pantanal: ‘Fogo frio’ poderia ser usado para combater queimadas? | Jovem Pan “A grande diferença da seca deste ano é que ela chegou antes. Vamos precisar entender se as chuvas também chegarão antecipadamente ou se vamos ter um período de seca maior”, avalia o presidente Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai. Caso o cenário atual se agrave, uma das saídas para não descartar os animais seria a suplementação com rações à base de grãos. Os desafios logísticos do Pantanal, contudo, tornam a alternativa até 50% mais cara do que em outros polos produtores do país. “Como nós não temos estradas em grande parte do Pantanal, o custo de logística é elevadíssimo, principalmente para produtos de menor valor agregado como rações”, afirma o presidente da Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), Eduardo Cruzetta.